quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Curioso notar as diferentes formas de morrer, o gradiente completo entre resignação e desespero. No extremo da resignação, pensemos num cachorro morrendo de velho. Ele se recolhe num canto de muro, embaixo de um arbusto, e fica em silêncio, com os olhos tristes, rosnando pra qualquer ser vivo que se aproxime, até que morre, deitadinho. No extremo do desespero, não há como não de lembrar se um porco sendo carneado. Porcos sendo carneados berram enlouquecidamente até o último instante possível. É um espetáculo chocante, mas inspirador. Já as ovelhas morrem sempre em silêncio, mesmo que seja na ponta da faca. Morrem com o orgulho que nenhum homem terá no instante da morte. (...) Seres humanos morrem de forma mais irracional: vão para um hospital, extrair inúteis e moribundos instantes de vida, multiplicando a dor de todos os envolvidos, nutrindo um pouco mais a angústia de todos nós.

(Manual para atropelar cachorros, que você pode ler aqui.)

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